Sociologia Espaço-Temporalmente Enraizada (SETE)

Acalentado por Fraya Frehse como projeto institucional já em 2018, este grupo vem se consolidando no NEPSESTE desde março de 2021. O SETE visa aprofundar-se teórica e metodologicamente na busca epistemológica por enraizar espacial e temporalmente modos de agir, pensar, sentir, imaginar e viver/vivenciar que impregnam a vida cotidiana. Assume que, justamente por serem imbuídos de contradições sociais de natureza histórica, alguns de tais padrões de convivência social cotidiana revelam, a seu modo, processos sociais historicamente mais amplos, que atravessam em particular o Brasil passado e do presente – e sinalizam para futuros possíveis.
 

Histórico

O SETE ganhou corpo na esteira dos primeiros dois anos e meio de discussões – primeiramente, presenciais e, com o advento da pandemia de Covid-19, por via remota (online) – de textos teóricos relativos a dois grandes blocos temáticos: 

1. A abordagem metodológica que o filósofo e sociólogo francês Henri Lefebvre (1901-1991) desenvolveu acerca as relações entre tempo e espaço na vida cotidiana, por referência a processos sociais historicamente mais abrangentes em curso tanto em cenários rurais quanto urbanos do chamado mundo moderno, em especial na França, no decorrer da segunda metade do século XX:  

   Referências

   Lefebvre, Henri. O Vale de Campan: Estudo de Sociologia Rural. Trad. Ana Cristina Mota Silva; Anselmo Alfredo. São Paulo: EDUSP, 2011 [1963].

   Lefebvre, Henri. “Problemas de sociologia rural [1949]". Trad. Wanda Caldeira Brandt. In: Martins, José de Souza (org.). Introdução Crítica à Sociologia Rural. 2ª ed. São Paulo: Hucitec, 1986 [1980], pp. 144-162.

   Lefebvre, Henri. “Perspectivas da sociologia rural [1953]”. Trad. Cynthia A. Sarti;Solange Padilha. In: Martins, José de Souza (org.). Introdução Crítica à Sociologia Rural. 2ª ed. São Paulo: Hucitec, 1986 [1980], pp. 163-177.

   Lefebvre, Henri. A Vida Cotidiana no Mundo Moderno. Trad. Alcides João de Barros. São Paulo: Ática, 1991 [1968].

   Lefebvre, Henri. “Introduction to Rhythmanalysis”; “The critique of the thing”. In: Lefebvre, Henri. Rhythmanalysis: Space, Time, and Everyday Life. Trad. Stuart Elden; Gerald Moore. Londres/New York: Continuum, 2004 [1992], pp. 3, 5-18.

   Lefebvre, Henri; Régulier, Catherine. “Attempt at the rhythmanalysis of Mediterranean cities”. In: Lefebvre, Henri. Rhythmanalysis: Space, Time, and Everyday Life. Trad. Stuart Elden; Gerald Moore. Londres/Nova York: Continuum, 2004 [1992], pp. 85-100.

   Frehse, Fraya. "Quando os ritmos corporais dos pedestres nos espaços públicos urbanos revelam ritmos da urbanização". Civitas, 16(1), 2016: 100-118.

   Frehse, Fraya. “On regressive-progressive rhythmanalysis”. In: Bauer, Jenny; Fischer, Robert (eds.). Perspectives on Henri Lefebvre: Theory, Practices and (Re)Readings. Berlim/Boston: De Gruyter, 2018, pp. 95-117.

   Frehse, Fraya. “O espaço na vida social”. Estudos Avançados, 27(79), 2013: 67-74.

   Frehse, Fraya. "On the temporalities and spatialities of the production of space". SFB1265 Working Paper (4), 2020, 31 p.

2. A epistemologia da sociologia, por assim dizer; a sociologia como modo específico de conhecimento da realidade social: 

   Referências

   Mills, Charles Wright. “A promessa”. In: Mills, Charles Wright. A Imaginação Sociológica. Trad. Waltensir Dutra. 6ª ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1982 [orig. ing. 1959], pp. 9-32.

   Martins, José de Souza. “O artesanato intelectual na sociologia”. In: Martins, José de Souza. Uma Sociologia da Vida Cotidiana: Ensaios na Perspectiva de Florestan Fernandes, de Wright Mills e de Henri Lefebvre. São Paulo: Contexto, 2014, pp. 21-45.

   NISBET, Robert. “A sociologia como uma forma de arte [orig. ingl. 1962]”. Trad. Sylvia Gemignani Garcia. Rev. Técn. Heloisa H. T. de Souza Martins. Plural, 7, 2000: 111-130 . 

Desde 2021, o SETE vem aprimorando as potencialidades teóricas e metodológicas de uma perspectiva espaço-temporalmente enraizada acerca da sociologia e dos fenômenos sociais por meio de discussões analíticas de dois conjuntos de expressões culturais: 

1. abordagens das ciências sociais e humanas sobre a vida cotidiana no Brasil: 

   Referências

   Martins, José de Souza. A Temática do Homem Simples no Desenvolvimento das Ciências Humanas na Faculdade de Filosofia da USP. São Paulo: Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, 2017.

   Ianni, Octavio. “A mentalidade do homem simples [1968]"; “O homem simples na grande cidade [1967]". In: Ianni, Octavio. Sociologia e Sociedade no Brasil. São Paulo: Alfa-Ômega, 1975, pp. 87-96.

   Fernandes, Florestan. “As trocinhas do Bom Retiro [1947]". In: Fernandes, Florestan. Folclore e Mudança Social na Cidade de São Paulo. São Paulo: Martins Fontes, 2004 [1961], pp. 195-233.

   Castaldi, Carlo. “A aparição do demônio no Catulé [1957]”. Tempo Social, 20(1), 2008: 305-357.

   Lévi-Strauss, Claude. “São Paulo”. In: Lévi-Strauss, Claude. Tristes Trópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 1996 [orig. fr. 1955], pp. 102-112.

   Cardoso, Irene. “Entrevista com Roger Bastide [1973]". Discurso, 16, 1987: 181-197.

   Bastide, Roger. “Igrejas barrocas e cavalinhos de pau”; “O oval e a linha reta”; “A volta ao Barroco”; “Estética de São Paulo”; “Variações sobre a porta barroca”. In: Frehse, Fraya; Titan Jr., Samuel (orgs.). Roger Bastide - Impressões do Brasil. São Paulo: Imprensa Oficial, 2011, pp. 65-85, 123-143. 

   Frehse, Fraya; Titan Jr., Samuel. “Prefácio”. In: Frehse, Fraya; Titan Jr., Samuel (orgs.), Roger Bastide - Impressões do Brasil. São Paulo: Imprensa Oficial, 2011, pp. 7-14.

   Candido, Antonio. Os Parceiros do Rio Bonito: Estudo sobre o Caipira Paulista e a Transformação dos seus Meios de Vida. 11ª ed. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2010 [1964].

   Gnaccarini, José César. “O rapto das donzelas”. Tempo Social 1(1), 1989: 149-168.

   Pereira de Queiroz, Maria Isaura. “O sitiante tradicional e a percepção do espaço [1968]". In: Pereira de Queiroz, Maria Isaura. O campesinato brasileiro. Petrópolis/ São Paulo: Vozes/EDUSP, 1973, pp. 48-71.

   Pereira de Queiroz, Maria Isaura. “Do rural e do urbano no Brasil” [1973]. In: Pereira de Queiroz, Maria Isaura. Cultura, Sociedade Rural e Sociedade Urbana no Brasil. Rio de Janeiro/São Paulo: LTC/EDUSP, 1978,  pp. 46-67.

   DaMatta, Roberto. “Conversa para receber o leitor”; “Espaço”. In: DaMatta, Roberto. A Casa & a Rua: Espaço, Cidadania, Mulher e Morte no Brasil. 5ª ed. Rio de Janeiro: Rocco, 1997, pp. 5-45.

   Candido, Antonio. “A sociologia no Brasil [1959]”. Tempo Social, 18(1), 2006: 271-301.

   Eulalio, Alexandre. “Pano para manga [1987]”. In: Mello e Souza, Gilda de. O Espírito das Roupas. São Paulo: Companhia das Letras, 1987 [1950], pp. 9-15.

   Mello e Souza, Gilda de. “Introdução”; “A moda como arte”. In: Mello e Souza, Gilda de. O Espírito das Roupas. São Paulo: Companhia das Letras, 1987 [1950], pp. 19-51.

   Mello e Souza, Gilda de. “A estética rica e a estética pobre dos professores franceses”. Discurso, 9, 1978: 9-30.

   Arruda, Maria Arminda do Nascimento. “A construção da sociologia acadêmica no Brasil: Florestan Fernandes e a escola paulista”. Inter-American Review of Bibliography, 44(4), 1994: 607-635.

   Martins, José de Souza. “Um sociólogo e sua circunstância". In: Martins, José de Souza A Sociologia como Aventura: Memórias. São Paulo: Contexto, 2013,  pp. 117-194.

2. manifestações de "imaginação sociológica" e de sensibilidade etnográfica sobre a vida cotidiana produzidas fora da academia - na literatura, nas artes, no cinema, na fotografia, na arquitetura, no urbanismo, no design etc.:

   Filme

   SALLES, João Moreira. Santiago. 2007.

   Contos e crônicas

   Rosa, João Guimarães. “A terceira margem do rio”. In: Rosa, João Guimarães. Primeiras Estórias. 15ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001 [1962], pp. 79-85.

   Andrade, Carlos Drummond de. “Aconteceu alguma coisa”. In: Andrade, Carlos Drummond de. De Notícias & Não Notícias Faz-se a Crônica: Histórias, Diálogos, Divagações. 10ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2013 [1974], pp. 51-53.

   Lispector, Clarice. “Morte de uma baleia”. Jornal do Brasil [Rio de Janeiro, n. 111], 17 de agosto de 1968, p. 2.

   Maria, Antônio. “Banco de praça”. In: Oliveira, Hermínio Bello de (org.). Pernoite. Rio de Janeiro: Martins Fontes, 1989, pp. 1-3.

   Braga, Rubem. “Distância”. Correio da Manhã [São Paulo, n. 19158], 8 de setembro de 1955, p. 6.

Cronograma de leituras

(última atualização: abril de 2022)